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terça-feira, 7 de julho de 2015

Resenha: O Fantástico Mundo de Pathos / O Chalé da Memória



Fala, galera! Tudo bem com vocês? Eu sei que vocês estão trabalhando e estudando muito, né? Porque as coisas realmente estão difíceis atualmente, assim como eram no passado, assim como também será no futuro - É triste, mas é a verdade -. Eu, particularmente, estou de férias da faculdade, o que me deixa com tempo sobrando para ler alguns livros, fazer maratonas de séries e, claro, postar alguma coisa aqui. Há algum tempo eu venho colocando em mente que o intuito de postar aqui não é para ganhar fãs, ou seguidores. Mas, sim, para deixar o meu legado. Sabe aquela coisa de "deixar sua marca"? A minha é esta.

Antes mesmo das férias, eu já estava lendo alguns livros, tais como O Chalé da Memória - de Tony Judt - e O Fantástico Mundo de Pathos - de Noé Guieiro -, no qual farei a resenha a seguir. Ambos são livros muito bons, gostosos de ler e que faz o tempo passar tão rápido quanto um fim de semana bem aproveitado. Embora sejam ótimas opções de leitura, são completamente diferentes: O primeiro é uma espécie de autobiografia narrada em primeira pessoa pelo próprio autor, em sua trajetória de adolescente à fase adulta, enquanto precisa lidar com o fato de ter o seu organismo corroído por uma grave doença degenerativa. O segundo, por outro lado, narra as aventuras de um garoto esperto e intelectual que, de forma teórica, mas gostosa, começa a aprender sobre a história da literatura. Desde já, recomendo os dois! Mas, claro, vamos separar esse livros em duas resenhas. Espero que gostem da minha visão, e tentarei não levantar muitos spoilers ou surpresas das duas obras.


O Fantástico Mundo de Pathos - escrito por Noé Amós Guieiro
Ano: 2009
Editora: Espaço Editorial.

Sinopse: Estranhos acontecimentos mudaram a rotina da vida de Pathos, envolvendo-o em uma trama entre arriscada e misteriosa - a aparição de e-mails curiosos e de livros de literatura soltos pelos cantos da casa, além de uma amiga chamada Lira. A única forma de descobrir quem está por detrás de tudo isso é jogar o jogo - o jogo da Literatura. Com isso, o leitor acompanha um suspense em que a História da Literatura Universal vai sendo exposta, destacando os principais autores (de Homero aos contemporâneos) e suas obras-primas, além dos movimentos artísticos mais relevantes. Um mundo abre-se ao leitor, que passa a ter contato também com conceitos, dicas, curiosidades e termos técnicos fundamentais do universo literário.


 Particularmente, se tornou um dos meus livros favoritos, por dois fatores: Primeiro, porque esta obra foi escrita por ninguém mais ninguém menos que o meu querido professor Noé Guieiro. Coincidentemente, ele foi o responsável por me incentivar a seguir com o propósito de ser um escritor e compor histórias. Ele lia todos os meus contos manuscritos e os corrigia, sempre me dando conselhos de como melhorar a ortografia e a gramática. Por isso, devo tudo o que sei sobre português - em especial à literatura - à ele. Obrigado, Noé, meu grande professor-amigo!
O segundo fator, não menos importante, é porque a obra fala da literatura brasileira e mundial e, em especial, é mais do que importante eu ter contato com livros desse gênero, já que estou cursando Letras e preciso muito aprender sobre toda a teoria da linguagem e escrita. 

A história em si é bem simples, inicialmente, porque nos deparamos com o cotidiano de Pathos Felipe, um garoto que acabara de entrar de férias da escola. Ele morava com sua mãe e sua cadelinha, Lira, em um bairro de São Paulo. Aparentemente, sua vida está completamente normal, mas tudo muda quando ele recebe uma correspondência eletrônica muito estranha, de um indivíduo anônimo que diz saber sobre sua vida. O ar de suspense adentra à trama e somos levados aos demais capítulos em uma reação em cadeia, pois, assim como Pathos, também queremos saber quem é o estranho - ou estranha - que está lhe enviando e-mails, que não chegam a ser assustadores, pois não se trata de uma ameaça, mas, sim, de um pedido: Pathos deve ler e aprender sobre a história da literatura.

Tão fantástico quanto o próprio título, o livro nos encaminha a um mundo fora da realidade, por vezes nos fazendo imaginar e pensar se Pathos está vivendo a realidade ou a ficção. Na segunda parte da história, o misterioso personagem é revelado mas, ao invés de estragar o suspense - que, como clichê e parte da regra, deveria esconder o misterioso até o final da história - acaba trazendo um novo ar ao enredo, e novas descobertas são incrementadas. O garoto, certamente, vive uma intensa aventura, sem perigo, sem mortes e sem qualquer tipo de terror ou trama policial. Trata-se de uma gostosa aventura de volta ao passado, indo de encontro aos maiores escritores da história, como Poe, Fernando Pessoa, Shakespare, entre outros. O incrível, além de tudo, é que nos sentimos dentro da história, dentro da época de cada autor responsável pela revolução da literatura mundial. Viajamos desde a época medieval até a contemporânea, através de "espelhos mágicos" - não detalharei, pois é parte do mistério -. 

Outro fato intrigante, durante as páginas lidas, é que percebemos que um dos livros que Pathos está acompanhando contém a mesma trajetória que ele está vivenciando e, ainda mais, o personagem principal também tem o seu nome. E, se isso não bastasse, o final nos revela uma grande surpresa! (Não, não vou contar. Vocês terão que ler, e tirar suas próprias conclusões). 

Sem mais detalhes, O Fantástico Mundo de Pathos é um livro com uma boa história destinada aos amantes da leitura e, principalmente, aos estudantes de Letras - como eu -, pois é possível aprender sobre a teoria literária, ao mesmo tempo em que se acompanha uma grande aventura. Grande não. Fantástica!
Recomendo!





 O Chalé da Memória - escrito por Tony Judt
Ano: 2012
Editora: Objetiva

Sinopse: As memórias do historiador inglês entre suas análises críticas
"Humano, audaz e de uma honestidade absoluta." Financial Times
Um dos historiadores mais reconhecidos dos séculos XX, Tony Judt faleceu em 2010, vítima de uma doença degenerativa. Enquanto sua condição de saúde se deteriorava, o inglês escreveu, em noites de insônia, as memórias de sua vida.

Ganhei esse livro, dentre outros, de uma amiga que trabalha na Editora Saraiva. Quando coloquei na minha cabeça que começaria a ler vários livros para treinar minha aptidão por escrita, selecionei um livro de forma aleatória. Para a minha sorte, este foi o escolhido. É o primeiro livro do autor Tony Judt (1948-2010) que leio e, desde já, me tornei seu fã: Uma escrita cativante, prazerosa de se ler acompanhado de um chá ou café, sentado à beira de uma luminosa fogueira - sim, foi assim que eu  o li -. 

O livro aborda uma espécie de biografia do autor, no qual ele relata as mais variadas histórias vivenciadas durante a sua juventude e na fase adulta. Durante esse processo, ele é diagnosticado com uma doença neuromotora degenerativa chamada de esclerose lateral amiotrófica (ELA), na qual ele acaba perdendo o controle dos movimentos do seu corpo, até levá-lo a morte. Porém, a única parte que não é atingida pela doença é a mente, da qual Tony Judt acaba se tornando prisioneiro. Desta forma, o autor decide, ao invés de apenas lamentar a inevitável morte, deixar o seu legado através de confissões sobre os momentos mais importantes de sua vida. 

É aí que eu me identifico com esse, considerado por mim, maestro da literatura, pois eu também tenho essa mesma intuição: Deixar o meu legado, em formas escritas que ficarão eternizadas para todo o sempre dentro deste mundo em que vivemos. A vantagem de sabermos que temos determinado tempo de vida nos torna invulneráveis ao medo humano de relatar algo, criticar ou confessar sobre a própria vida. Tony pensou assim, e não teve qualquer receio de relatar sua convivência desde a Inglaterra pós-guerra até Nova York, onde acabou falecendo. Suas passagens pelas Universidades de Cambridge, Califórnia, Oxford e a de Nova York foram mais do que importantes para o seu amadurecimento. Por falar em Nova York, Judt deixa bem claro que a América é inigualável, e faz grandes críticas à França e Inglaterra, chegando a dizer que ali se sentia mais Britânico do que em sua própria terra natal.

Entre algumas passagens, lemos relatos sobre sua vida amorosa, sobre a sua tradicional família Inglesa - de descendência Judia - e sobre a sua mentalidade progressista, no qual ele sempre deixa bem claro que deve haver mais igualdade entre a sociedade. Como eu descrevi acima, Judt, através de sua certeza de morte, queria mostrar ao mundo sua visão sobre a sociedade, e teimava em mostrar os erros e a desigualdade da mesma, sempre se preocupando com as futuras gerações.

Em resumo, O chalé da Memória chega a emocionar, mas não a ponto de nos fazer chorar. É uma sensação de prazer e satisfação ao ler as memórias de um homem batalhador com uma visão única. Felizmente, antes da morte, ele pudera deixar o seu legado, e emociona com uma frase que diz, em outras palavras, que não existe lugar melhor para morrer do que o lugar onde nos sentimos vivos.

Recomendo!