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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

As Crônicas de um Vampiro - Capítulo 2

Capítulo 2:


                - (...) Então, o que o seu pai lhe disse quando você chegou? – Questionou Sasha, sentada ao lado de Draco nas escadarias do castelo.
- O que ele sempre diz todas as vezes que eu saio por alguns dias, ora – respondeu, indignado – Que ele acha que eu ando fazendo amizade com humanos; que eu não matei ninguém; que sou muito medroso para lutar contra qualquer pessoa e que não estou fazendo jus de futuro Lorde do clã!
- Nossa – Impressionou-se a garota com os “conselhos” que um pai dera ao seu filho – Bem, pelo menos o lance de “não matar ninguém” que ele mencionou a você era verdade. Mas, não fique chateado. Esse é o seu jeito, a sua maneira de viver. E eu acho que, no final das contas, nem todos os sugadores de sangue são frios e maldosos.
Observando profundamente os olhos de Sasha, Draco sorriu e disse:
- Você não possui sangue frio, Sasha.
Envergonhada, a menina expressou uma rápida emoção de felicidade, encarando-o com seu olhar. O silêncio tomava o lugar, esperando que o melhor acontecesse ali, naquele momento inquietante de troca de olhares. A aproximação entre os lábios era cada vez mais certa e esperada. Os dentes de Sasha cresceram de tanta vontade e desejo que aquilo ocorresse. O beijo se aproximava a cada respiração tensa e fogosa.
- O que está havendo aqui, senhores? – Questionou o guarda do lugar, que descera as escadas, interrompendo aquele romântico momento – Senhor Draco, o rei sabe que você está aqui, assim como sua mãe sabe que a Senhorita está aqui, Sasha?
Certamente, aquele momento amoroso fora interrompido com o afastamento dos dois, um para a esquerda e outro para a direita, com sorrisos falsos nos dentes e uma coloração avermelhada: A vergonha.



Horas depois, ao brilho do luar, os dois se despediam ao lado de fora do castelo. Segurando levemente as mãos de Sasha, Draco queria dizer-lhe coisas que o tempo lhe fez refletir.
Não sei de onde, pensou ele. Como? Aquela sensação que estava sentindo era repentina. A tanto tempo possuo um laço de amizade com ela, mas só agora esse sentimento despertou em mim. Enquanto somos jovens, nunca imaginamos que tais coisas acontecerão no futuro. Porém, ao crescermos, percebemos que não são as escolhas que nos movem e, sim, os sentimentos.
Eu sentia algo diferente por ela. E precisava dizer-lhe antes que o tempo me tomasse àquela oportunidade.
- Como nós nos conhecemos desde pequenos, e só agora eu pudera perceber o quão você é especial? É incrível. Nunca percebi o quanto você é linda! – O garoto começou a deslizar suas mãos sobre ao que se referia – (...) Seus longos cabelos ruivos... Sua pele macia e cheirosa... Seu rosto fino e perfeito e seu olhar verde e claro como as águas de um rio...
- Só agora eu percebi o quanto você me faz bem – disse a jovem, encostando seu rosto ao de Draco, que se excitou – Eu sinto que preciso de você.
As presas dela surgiram sobre os dentes. Sua língua deslizava sobre os lábios do menino: Eles se beijaram diante da luz do luar.
Ao mesmo tempo, vários morcegos voaram rapidamente para o topo do castelo.


- Sasha, não é? – Questionou Lêmion, conversando com seu filho, minutos após do ocorrido – Parece que você gosta dela.        
- Como sabes disso, pai? – Perguntou Draco, intrigado.
- Um morcego me contou, mas não vem ao caso. O que eu acho é que ela não seja a pessoa certa para você.
- O quê?! Eu não acredito que agora o senhor vai escolher a vampira com quem eu queira ter um relacionamento! Posso saber por que a Sasha não é conveniente para você?
- Digamos que ela não possui a linhagem sanguínea compatível com a sua. Enquanto você se torna o futuro Lorde, em que corre em suas veias o poder dos antepassados mais poderosos que já existiram na historia do nosso clã, ela se torna apenas mais uma habitante fraca e dispensável.
- Chega pai! - Exclamou Draco, enfurecido com as asneiras que ouvira, encarando-o seriamente – Você só se importa em como eu serei forte. Em que tipo de rei eu serei! Mas, nunca se importou com os meus sentimentos!
Ao ouvir tais palavras, em um piscar de olhos, o rei segurou fortemente o pescoço de seu filho, erguendo-o para o alto, em um ato de raiva.
- Ouça: “vampiros não possuem sentimentos”! Eu não chorei nem diante da morte de sua mãe, garoto! Somente os mais fortes sobrevivem, e eu quero que você seja forte porque é meu filho! Sangue do meu sangue e dos mais poderosos Lordes! Um vampiro precisa ser cruel, impiedoso e frio, para que todos o temam! Nesse mundo não há misericórdia para os mais fracos, e você é forte e será mais ainda se seguir os meus conselhos e parar de se apaixonar por qualquer vadia que apareça na sua frente! – Ele derrubou o garoto no chão – Isso é para o seu próprio bem! (...)
Um silêncio entrou naquele quarto. Draco estava impressionado com a forma que seu pai o tratou, começando a refletir sobre o que ele dissera.
- Se apronte. Daqui a pouco vamos jantar. Os soldados trouxeram dez corpos vivos. Você nunca jantou conosco. Pelo menos, venha desta vez – Disse Lêmion, saindo pela porta – Aproveite logo, enquanto o sangue ainda está fresco.
Ainda caído no chão, Draco não ouvira o que o rei dissera, pois estava passando por um processo de reflexão em sua mente.

Ainda me pergunto se um dia poderei ser como as pessoas normais. Não sei se sou realmente tão forte assim, como diz o meu pai. Esse poder nunca se manifestou em mim.
Será que ele tem razão?
Eu devo ser frio, impiedoso, amargo?
Será que, somente assim meus poderes irão surgir?
Ainda estou incerto se possuo essa maldade em meu coração – Pensou o jovem, saltando para o teto, pendurando-se de pernas em uma grade, permanecendo de cabeça para baixo, encolhendo-se para dormir.
Fechando os olhos e forçando sua mente para sonhar logo, Draco pudera ouvir os gritos desesperados das vítimas sendo mortas por Lêmion e os conselheiros do lugar.




Naquela mesma madrugada fria e medonha, longe do castelo, entre as florestas da região, Lob e seus companheiros uivavam à procura de caça, o que indicava que o corpo de Torn não fora o suficiente para deixá-los sem apetite. As carcaças do vampiro estavam penduradas a uma árvore, por brincadeira do homem-lobo.
- Ei, Lob, não faça isso com o resto dele – Aconselhou Dig, seu irmão mais novo, que temia a descoberta daquele assassinato – Se os outros vampiros acharem-no suspeitarão que foram nosso clã . E o mestre não vai gostar nada disso!
- Não se preocupe, irmão – disse sorrindo e pouco se importando com as conseqüências de seus atos – Quase ninguém passa por aqui, nem mesmo aqueles idiotas. Vamos deixar esse presentinho para os nossos companheiros. Os lobos.
- Você sabe que se eles nos desmascararem pode até haver uma guerra, como houvera há anos atrás!
- Pois pode ser que haja. E que haja mesmo! – Exclamou, descendo da árvore – Eu já estou a fim de brigar com aqueles malditos!
- Lembre-se de que eles possuem o garoto da profecia: O filho de Lêmion – Tentou alertar Dig – Ele deve ser muito forte.
- Lembre-se de que também possuímos um garoto da profecia, que também é muito forte...

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