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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

As Crônicas de um Vampiro - Capítulo 5

Capitulo 5

- Ora, ora... Se não é o famoso e temido Conde Draco, filho de Lêmion – palpitou Dig, admirado por estar frente a frente com o filho do rei dos vampiros – Não posso crer que o seu pai coloque tanta confiança em deixar um garoto andar por aí sozinho...
Draco não sabia o que fazer. Seu corpo estava totalmente paralisado pelo medo e o receio de ser atacado. Ele nunca havia lutado, não sabia como se defender. Era fraco, não tinha sangue frio... Não era forte como seu pai.
Será que eu corro com a Sasha? Será que eu devo enfrentá-lo? Mas eu não sei lutar... Porém, não posso ser covarde na frente dela... Eu preciso encará-lo de igual para igual... O lobisomem não pode saber que não tenho a força de meu pai...
- O que você quer aqui, inimigo? – questionou o jovem, tentando intimidar Dig.
- Eu simplesmente não poderia querer mais nada – concluiu o lobisomem num tom de satisfação e alegria – Estou à frente do futuro rei do seu clã... E não perderei esta chance de testar a sua verdadeira força e, quem sabe, saciar ainda mais a minha fome...
Dig começou a correr rapidamente em direção ao garoto, que não sabia como reagir, paralisado.
Um forte som de golpe ecoou pelos arredores: O lobisomem havia acertado o rosto de Sasha, que se jogara na frente de Draco para protegê-lo. Ela caiu ao chão. Seu rosto estava arranhado e sangrava pelo rápido ataque do inimigo.
- SASHA!! – gritou Draco, desesperado, aproximando-se dela e segurando-a pelos braços - Por que você fez isso?!
Com os olhos fechados e a aparência fraca, a garota apenas sussurrou:
-... Eu sei que você ainda não tem forças suficientes... Eu fiz aquilo para te proteger... Porque... Porque eu te amo, Draco...
Draco emocionou-se com tamanhas palavras envolvidas de um verdadeiro sentimento.
Sasha desmaiou.
- AH, QUE AMOR LINDO!! – gritou Dig, caçoando aquele momento importante para Draco. Importante e desesperador – Pois bem, morrerão os dois juntos para que vivam eternamente... NO INFERNO!!
De repente, Sasha levantou-se numa tremenda rapidez, mostrando seus caninos, juntando suas mãos numa estranha posição, fechando os olhos e sussurrando palavras irreconhecíveis aos ouvidos humanos.
O céu escureceu repentinamente, tomado por uma imensa nuvem negra que se aproximava cada vez mais do local...
Draco pasmou-se, ajoelhando-se ao chão, enquanto Dig observava atentamente aquele misterioso evento.
Um som ecoava, aparentando estar vindo daquela nuvem negra... Som semelhante a milhares de pássaros juntos...
Quanto mais a nuvem se aproximava, mais indecisa era a certeza de que aquilo não era uma simples nuvem...
Não era nuvem.
Dig começou a tremer de medo, dando passos para trás e salivando de pavor, a ponto de virar-se e correr rapidamente, tentando fugir do lugar:
Os milhares de morcegos o cercaram e ele sumiu naquela imensidão de nuvem negra, cujo som era insuportável.
Draco surpreendeu-se com a temível habilidade de sua amiga, que sangrava assustadoramente, caindo inconsciente, pois acabara de usar todas as suas forças. Draco a segurou nos braços, impedindo que ela tocasse o solo, enquanto os morcegos mutilavam cada pedaço daquele lobisomem, cujo seus gritos agonizantes eram ouvidos a quilômetros de distância.
- Sasha... – sussurrou Draco, pensando o quão incrível e forte era aquela garota.
- JÁ CHEGA!! Exclamou Dig, surgindo repentinamente à frente dos dois – CANSEI DE BRINCAR!!
Draco apavorou-se, cintilando os olhos, perguntando-se como aquele monstro escapara daquele mortal ataque.
Olhando para trás, Draco pasmou-se ao ver tamanha cena de horror:
Todos os milhares de morcegos estavam mortos, caídos ao chão.
- Eu também tenho as minhas habilidades, Draco... – Dig disse, sorrindo ao perceber que o garoto estava impressionado - Agora vocês morrerão eternamente!
As unhas de Dig estavam prestes a tocar o rosto de Draco. Porém...
Os olhos do garoto embranqueceram...
Uma explosão intensa tomou todo o lugar repentinamente, destruindo várias arvores e arbustos... Uma explosão, cuja chama era negra...
O corpo de Dig foi arremessado para longe sem os membros superiores, inferiores e sem a cabeça.
Sobre aquela destruição e as temíveis e misteriosas chamas negras, uma sombra surgiu...
Saindo entre as chamas sem ser consumido pelas mesmas e com Sasha nos braços, Draco olhou para o corpo do lobisomem desmembrado e, por alguns segundos, permaneceu observando paralisado.
Uma espécie de redemoinho de fogo o cercou rapidamente, desmatando ainda mais aquela floresta por uma força não humana, que se manifestara assustadoramente.
Minutos depois, o fenômeno finalmente havia acabado. As chamas desapareceram e o garoto surgiu dentre a fumaça, caído ao chão, inconsciente, ao lado de Sasha.
O único morcego sobrevivente do ataque de Dig sobrevoou o local e retirou-se em direção ao castelo dos vampiros para informar ao rei o que havia ocorrido.
O silêncio tomou o lugar.
Porém, algo estranho havia surgido no pescoço de Draco: Uma mancha negra com um símbolo... Um estranho símbolo semelhante a asas...
Asas negras... Divinas ou demoníacas?

Capítulo 6 - Clicando Aqui

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

As Crônicas de um Vampiro - Capitulo 4


Um golpe rosto e, em seguida, um chute no estômago: Draco foi arremessado para trás, batendo de costas na grade da arena, caindo amortecido no chão de areia. Há muitos dias, o garoto estava participando de um treinamento orientado por seu pai.
Até agora, nenhum resultado satisfatório.
- Parece que não tem jeito, Draco – disse seriamente Gorman, o levantando pelas mãos – Você não possui nenhuma aptidão para lutar, muito menos para se defender. Acho que deveria desistir de pensar que você será um grande guerreiro a ponto de se tornar um Lorde! (...) É a pura verdade.
- Nem precisava dizer! – Exclamou Draco, enfurecido, saindo do local em direção a saída do castelo – Eu só estava fazendo o que meu pai ordenou! (...) Espero que ele esteja satisfeito por presenciar o fracasso de seu filho! (...) Está orgulhoso, pai? Está?!
Lêmion, sentado ao trono, não sabia o que responder ao filho, envergonhado ao que presenciou. “Não pode ser. Não pode ser que esse garoto não tenha o meu sangue de guerreiro! (...) O que vou fazer?” - Pensou, angustiado - “Só há um jeito de saber se ele tem ou não o meu sangue...”
- Senhor, acho que deveria reconsiderar e parar com esses treinamentos que não levarão Draco a lugar algum – disse Gorman, aproximando-se do rei – Já percebemos que ele não poderá ser um Lorde. Acho que deveria escolher outro futuro vampiro para este cargo.
Suas presas começaram a surgir. Seus olhos esbranquiçados mostravam a raiva que sentia: Lêmion se levantou e arremessa o trono fortemente contra a parede, quebrando-o.
- Eu não criei um filho para que ele se torne um soldado miserável, ou um “professorzinho” como você! EU O CRIEI PARA QUE REINE FUTURAMENTE SOBRE ESTE MUNDO EM MINHA HOMENAGEM!! (...) SE FOR PARA DRACO TORNAR-SE APENAS MAIS UM HABITANTE DESTA SOCIEDADE É MELHOR QUE ELE NÃO SEJA MAIS O MEU FILHO!! (...) OU ELE MANIFESTA O VERDADEIRO SANGUE DE DRÁCULA, OU VIVERÁ EXILADO DESTA VILA AO LADO DOS NOSSOS INIMIGOS, LOBISOMENS, LUTANDO PARA SOBREVIVER TODOS OS DIAS DE SUA VIDA!!







Enquanto isso, Draco estava sentado sobre as rochas de um rio que passava próximo ao castelo, desapontado consigo mesmo, arremessando pedras nas águas. “(...) Por quê?, pensou ele (...) Por que eu? (...) Por que o destino não escolhera outra pessoa para ser vampiro? Por que não escolhera outra pessoa para ser filha do rei? (...) Por que o meu destino é seguir o mal? Eu não quero dominar o mundo. Não quero matar ninguém. Não quero seguir os passos de meu pai!”
- No quê está pensando? – Perguntou Sasha, surgindo atrás de Draco, surpreendendo-o, fazendo-o sorrir repentinamente – Já sei: seu pai está desapontado com você por fracassar no treinamento novamente, estou certa?
- Parece que lê mentes – respondeu num tom e expressão de humor – Às vezes, penso que não deveria ser eu. Os outros me acham especial, mas eu não me acho. Eu sou um “nada” com um destino traçado em minha vida, sem opções ou escolhas...
- Todos nós fazemos uma escolha. Todos. E o destino quem faz é você. (...) Seu pai não pode mandar em você por toda a vida e quando o momento chegar siga o seu caminho!
Admirado com aquelas palavras, o jovem disse:
- Você é a única que me entende, Sasha. É por isso que eu gosto de você.
Os lábios se aproximaram: O beijo despertou a vontade em Draco de querer ser quem ele desejava. Porém, alguns de seus desejos não poderiam se tornar realidade:
O desejo de se tornar humano.
Os fortes raios do sol interromperam o romântico momento, pois aquilo era prejudicial aos vampiros, menos para Draco.
- Me desculpe... – Sussurrou a garota, afastando-se do menino – O sol está me deixando com tontura...
- Eu conheço um lugar repleto de sombras e ar fresco – disse, levantando-se – Vamos lá?
Sasha sorriu e assentiu com a cabeça, indicando que queria acompanhá-lo.





Minutos depois, abaixo de uma grande árvore repleta de folhas que traziam a sombria e o ar fresco, Draco e Sasha se beijavam incansavelmente, enquanto alguém os observava atentamente, escondido entre os arbustos da extensa floresta de Transilvânia:
Era Dig, o irmão de Lob.
- Espere, sentiu esse cheiro? – Perguntou Sasha, interrompendo o beijo e sentindo uma estranha presença – Tem alguém aqui!
- O quê? Eu não senti nada, Sasha!
De repente, um salto e o lobisomem surgiu detrás dos arbustos com seu aspecto demoníaco de fome, sua língua para fora fizera escorrer saliva:
Dig estava faminto...


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

As Crônicas de um Vampiro - Capítulo 3

Capítulo 3 -

No dia seguinte, Draco acordou por ordens de seu pai, que lhe enviara um soldado para chamá-lo e levá-lo ao templo onde se encontravam os conselheiros e Gorman, o professor de magia negra e especialista em batalhas.
- O que é isso? – Questionou o vampiro, intrigado, descendo as escadarias e chegando ao local inteiramente confuso. – É uma reunião?
- Não filho, será o seu treinamento a partir de agora! – respondeu o rei, apontando para uma arena de areia no meio do templo – Ali, você aperfeiçoará sua força e aprenderá as várias maneiras de ataque e defesa. Com certeza, irá se tornar um verdadeiro guerreiro, igual ao seu pai!
Encarando-os seriamente, o garoto perguntou com ênfase:
- Eu realmente preciso disso?!
- Precisa, porque é meu filho! É melhor não discutir agora, Draco. Não estou de bom humor hoje!
- Draco, resolvemos treinar você para o seu próprio bem – Disse o professor, levando-o até a arena de treinamento – Aqui, você aprenderá a controlar seus instintos. E assim veremos o quão forte você é, nascido com o sangue de Lorde Drácula.
- E se eu os decepcionar? – Perguntou o jovem, preocupado e sentindo-se pressionado emocionalmente.
- Não vai – Respondeu Lêmion, colocando a mão no ombro de seu filho e sorrindo – Eu sei que não vai.



Enquanto isso, na aldeia do clã, Sasha estava no quarto de sua casa, pensando naquele beijo que dera em Draco, que era a única coisa concreta em sua mente.
“Draco... Será que vai dar certo... Eu e você?”








Na arena do templo, Gorman acertou pela quinta vez um golpe certeiro no rosto de Draco que, pela quinta vez, caiu no chão.
- Não... – Sussurrou o rei, assistindo sentado em seu trono, ao lado dos três conselheiros do castelo – Não pode ser. Esse não é todo o poder de meu filho. Não pode ser! Ele possui a raça dos mais poderosos guerreiros da nossa família! Ele não pode estar lutando a sério!

Levantando-se e envergonhado por estar apanhando na frente de seu pai, Draco implorou:
- Por favor... Vamos parar por aqui, professor! Eu já estou exausto!
- Draco, até agora, você não defendeu nenhum golpe meu! – Exclamou Gorman – E eu não usei nenhuma força bruta! Onde está seu instinto de vampiro? Eu, sinceramente, nunca vi alguém lutar tão mal assim como você! Não sei onde está sem sangue fervoroso, sendo filho do rei!
- Nem eu mesmo sei onde está minha força, professor – disse, deprimido, saindo da arena entristecido, olhando para seu pai, que sentia uma enorme insatisfação e vergonha ao ver que seu filho fracassara em um simples treino inicial.
O garoto foi para o seu quarto, tristonho, subindo as escadas lentamente, exausto e quase caindo para trás. A decepção era inevitável.
- Bem Senhor, observamos que seu filho não está se saindo muito bem como um simples treinamento amador – Disse um dos conselheiros – Ele, certamente, não me parece um destinado a ser um “deus” dos vampiros. Aliás, ele não se parece nem mesmo com um vampiro, com todo o respeito.
- Não... Eu me recuso a aceitar isso – Contrariou o rei, inconformado com o que ouvira – Ele nasceu como a profecia previa. Ele é o garoto que tomará o meu lugar e governará o mundo. (...) Não! Minha esposa não morreu em vão! A profecia não pode ter errado. Ele possui o meu sangue. Ele é meu filho! Ele é meu filho! MEU FILHO!!!



No cair da noite, os vampiros literalmente faziam a festa: Saíam para caçar presas humanas, pois na luz do dia eles não podiam ficar totalmente expostos.
Porém, Draco era o único que dormia ao anoitecer. Não era a toa que ele era criticado por todos, por não seguir os instintos do clã.

Pessoas correndo desesperadamente pela cidade... Seres extremamente demoníacos e sem piedade matando-as injustamente.
Crianças chorando, mulheres gritando e homens tentando enfrentá-los. Era inútil.
Sangue era jorrado e derramado de inocentes vítimas.
Do horizonte escuro, de céus avermelhados, um ser cujo suas asas negras abriam-se, soprando uma forte brisa que matava quem a aspirasse.
Seus dentes cresceram, suas mandíbulas incharam.
Diante de suas ordens, pessoas iam sendo assassinadas por seus servos: Vampiros sedentos de sangue.
Aquele era o próprio inferno!
- A profecia se cumpre! Eis que este mundo nos pertence! E eu vos darei a liberdade...
(...) Glorifiquem-me, vampiros e Lobos! Eu sou seu deus!
Ele abriu suas asas e voou para o horizonte...
Espere!
Eu conheço aquele ser.
Sim, ele se assemelha muito com alguém que eu sempre estou. Com quem eu sempre ando e nunca abandono.
Seria ele?
Seria mesmo a pessoa que eu tanto conheço?
(...) Seria eu?!


Draco acordou assustado, não acreditando no que presenciara sobre aquele mundo maldito, parecendo ser a terra tomada por vampiros e lobisomens. Os dois clãs estavam juntos, unidos para dominar a humanidade. E um “deus”, que dizia sobre uma profecia cumprida, e sobre ela um novo mundo seria criado:
Um mundo de trevas.
Um mundo de trevas, governado por aquele cuja profecia destinou-o a ser rei. E Draco parecia saber quem ele era.
Sim, aquele era eu.
Não sei se tudo isso foi um sonho, um pesadelo ou, quem sabe, uma visão do que o futuro está me reservando...

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

As Crônicas de um Vampiro - Capítulo 2

Capítulo 2:


                - (...) Então, o que o seu pai lhe disse quando você chegou? – Questionou Sasha, sentada ao lado de Draco nas escadarias do castelo.
- O que ele sempre diz todas as vezes que eu saio por alguns dias, ora – respondeu, indignado – Que ele acha que eu ando fazendo amizade com humanos; que eu não matei ninguém; que sou muito medroso para lutar contra qualquer pessoa e que não estou fazendo jus de futuro Lorde do clã!
- Nossa – Impressionou-se a garota com os “conselhos” que um pai dera ao seu filho – Bem, pelo menos o lance de “não matar ninguém” que ele mencionou a você era verdade. Mas, não fique chateado. Esse é o seu jeito, a sua maneira de viver. E eu acho que, no final das contas, nem todos os sugadores de sangue são frios e maldosos.
Observando profundamente os olhos de Sasha, Draco sorriu e disse:
- Você não possui sangue frio, Sasha.
Envergonhada, a menina expressou uma rápida emoção de felicidade, encarando-o com seu olhar. O silêncio tomava o lugar, esperando que o melhor acontecesse ali, naquele momento inquietante de troca de olhares. A aproximação entre os lábios era cada vez mais certa e esperada. Os dentes de Sasha cresceram de tanta vontade e desejo que aquilo ocorresse. O beijo se aproximava a cada respiração tensa e fogosa.
- O que está havendo aqui, senhores? – Questionou o guarda do lugar, que descera as escadas, interrompendo aquele romântico momento – Senhor Draco, o rei sabe que você está aqui, assim como sua mãe sabe que a Senhorita está aqui, Sasha?
Certamente, aquele momento amoroso fora interrompido com o afastamento dos dois, um para a esquerda e outro para a direita, com sorrisos falsos nos dentes e uma coloração avermelhada: A vergonha.



Horas depois, ao brilho do luar, os dois se despediam ao lado de fora do castelo. Segurando levemente as mãos de Sasha, Draco queria dizer-lhe coisas que o tempo lhe fez refletir.
Não sei de onde, pensou ele. Como? Aquela sensação que estava sentindo era repentina. A tanto tempo possuo um laço de amizade com ela, mas só agora esse sentimento despertou em mim. Enquanto somos jovens, nunca imaginamos que tais coisas acontecerão no futuro. Porém, ao crescermos, percebemos que não são as escolhas que nos movem e, sim, os sentimentos.
Eu sentia algo diferente por ela. E precisava dizer-lhe antes que o tempo me tomasse àquela oportunidade.
- Como nós nos conhecemos desde pequenos, e só agora eu pudera perceber o quão você é especial? É incrível. Nunca percebi o quanto você é linda! – O garoto começou a deslizar suas mãos sobre ao que se referia – (...) Seus longos cabelos ruivos... Sua pele macia e cheirosa... Seu rosto fino e perfeito e seu olhar verde e claro como as águas de um rio...
- Só agora eu percebi o quanto você me faz bem – disse a jovem, encostando seu rosto ao de Draco, que se excitou – Eu sinto que preciso de você.
As presas dela surgiram sobre os dentes. Sua língua deslizava sobre os lábios do menino: Eles se beijaram diante da luz do luar.
Ao mesmo tempo, vários morcegos voaram rapidamente para o topo do castelo.


- Sasha, não é? – Questionou Lêmion, conversando com seu filho, minutos após do ocorrido – Parece que você gosta dela.        
- Como sabes disso, pai? – Perguntou Draco, intrigado.
- Um morcego me contou, mas não vem ao caso. O que eu acho é que ela não seja a pessoa certa para você.
- O quê?! Eu não acredito que agora o senhor vai escolher a vampira com quem eu queira ter um relacionamento! Posso saber por que a Sasha não é conveniente para você?
- Digamos que ela não possui a linhagem sanguínea compatível com a sua. Enquanto você se torna o futuro Lorde, em que corre em suas veias o poder dos antepassados mais poderosos que já existiram na historia do nosso clã, ela se torna apenas mais uma habitante fraca e dispensável.
- Chega pai! - Exclamou Draco, enfurecido com as asneiras que ouvira, encarando-o seriamente – Você só se importa em como eu serei forte. Em que tipo de rei eu serei! Mas, nunca se importou com os meus sentimentos!
Ao ouvir tais palavras, em um piscar de olhos, o rei segurou fortemente o pescoço de seu filho, erguendo-o para o alto, em um ato de raiva.
- Ouça: “vampiros não possuem sentimentos”! Eu não chorei nem diante da morte de sua mãe, garoto! Somente os mais fortes sobrevivem, e eu quero que você seja forte porque é meu filho! Sangue do meu sangue e dos mais poderosos Lordes! Um vampiro precisa ser cruel, impiedoso e frio, para que todos o temam! Nesse mundo não há misericórdia para os mais fracos, e você é forte e será mais ainda se seguir os meus conselhos e parar de se apaixonar por qualquer vadia que apareça na sua frente! – Ele derrubou o garoto no chão – Isso é para o seu próprio bem! (...)
Um silêncio entrou naquele quarto. Draco estava impressionado com a forma que seu pai o tratou, começando a refletir sobre o que ele dissera.
- Se apronte. Daqui a pouco vamos jantar. Os soldados trouxeram dez corpos vivos. Você nunca jantou conosco. Pelo menos, venha desta vez – Disse Lêmion, saindo pela porta – Aproveite logo, enquanto o sangue ainda está fresco.
Ainda caído no chão, Draco não ouvira o que o rei dissera, pois estava passando por um processo de reflexão em sua mente.

Ainda me pergunto se um dia poderei ser como as pessoas normais. Não sei se sou realmente tão forte assim, como diz o meu pai. Esse poder nunca se manifestou em mim.
Será que ele tem razão?
Eu devo ser frio, impiedoso, amargo?
Será que, somente assim meus poderes irão surgir?
Ainda estou incerto se possuo essa maldade em meu coração – Pensou o jovem, saltando para o teto, pendurando-se de pernas em uma grade, permanecendo de cabeça para baixo, encolhendo-se para dormir.
Fechando os olhos e forçando sua mente para sonhar logo, Draco pudera ouvir os gritos desesperados das vítimas sendo mortas por Lêmion e os conselheiros do lugar.




Naquela mesma madrugada fria e medonha, longe do castelo, entre as florestas da região, Lob e seus companheiros uivavam à procura de caça, o que indicava que o corpo de Torn não fora o suficiente para deixá-los sem apetite. As carcaças do vampiro estavam penduradas a uma árvore, por brincadeira do homem-lobo.
- Ei, Lob, não faça isso com o resto dele – Aconselhou Dig, seu irmão mais novo, que temia a descoberta daquele assassinato – Se os outros vampiros acharem-no suspeitarão que foram nosso clã . E o mestre não vai gostar nada disso!
- Não se preocupe, irmão – disse sorrindo e pouco se importando com as conseqüências de seus atos – Quase ninguém passa por aqui, nem mesmo aqueles idiotas. Vamos deixar esse presentinho para os nossos companheiros. Os lobos.
- Você sabe que se eles nos desmascararem pode até haver uma guerra, como houvera há anos atrás!
- Pois pode ser que haja. E que haja mesmo! – Exclamou, descendo da árvore – Eu já estou a fim de brigar com aqueles malditos!
- Lembre-se de que eles possuem o garoto da profecia: O filho de Lêmion – Tentou alertar Dig – Ele deve ser muito forte.
- Lembre-se de que também possuímos um garoto da profecia, que também é muito forte...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

As Crônicas de um Vampiro - Escrito por Valdir Luciano

Prólogo: 


Por muito tempo eu vivi escondido dentro de mim mesmo...
                Por muito tempo eu sofri com a escuridão ao meu redor...
                Mas hoje... Hoje eu me libertarei disso.
                Chegou o momento.
                O meu momento...
                O momento de sentir a verdadeira liberdade:
                A liberdade humana.






Introdução:

Os gritos agonizantes e desesperados da mulher revelavam o sofrimento e a incontrolável dor de um parto. Diante de um leito totalmente obscuro, forrado com ossos humanos e peças de magia negra, o sangue escorria em profusão e manchava os lençóis pretos.
                Os empurrões eram constantes. Morgan concentrava todas as suas forças no nascimento daquela criança. O pequeno corpo pouco a pouco surgia em meio todo aquele difícil parto. Os olhos da mulher avermelharam-se, os caninos cresceram e seu rosto enrugou-se numa expressão gélida, terrível e obscura.
                O abafado choro ecoou pelo lugar.
                Logo, a luz forte do luar cessou repentinamente. O céu escureceu-se num piscar de olhos e raios e trovões caíram em profusão sobre a cidade de Transilvânia, Romênia.
                Braços fortes seguraram aquele recém-nascido e o ergueram para o alto. O ser que o sustentava era Conde Lêmion – lorde de sua raça -. Feliz, ele sorriu e proclamou aos céus e o mundo:
                -... A PROFECIA SE CUMPRE AGORA! ESTA É A CRIANÇA, CUJO CIRCULA O PURO SANGUE DE NOSSOS GLORIOSOS ANTEPASSADOS! ESTÁ ESCRITO QUE, NA NOITE MAIS OBSCURA, NO MOMENTO MAIS INCERTO E NA ÉPOCA MAIS DIFÍCIL, UM SER NASCERÁ SEM PRÉVIO AVISO, SEM NECESSIDADE DE ACASALAMENTO... E ESTE HERDARÁ O TRONO DE LORDE E REI DE TODA A NOSSA RAÇA... E GOVERNARÁ O MUNDO ATRAVÉS DAS FORÇAS OCULTAS DE DRÁCULA! EIS AQUI A NOSSA PROFECIA!! EIS AQUI...
                O ser baixou a criança, encarou-a com olhos negros e penetrantes:
                - Eis aqui... O meu filho...  – ele disse, sorrindo.
                E aquela criança, mais tarde, seria nomeada:
                Conde Draco.

NOVO ROMANCE de VALDIR LUCIANO

Bom, já estava na hora de postar uma história longa, cansativa de ler - e de escrever...

Já postei histórias de açougueiros psicopatas, de malucos que atacam na internet, de zeladores que enterram mulheres vivas, de canibais que ceiam pessoas no natal...

Agora está na hora de escrever algo mais... Vampiresco, não? :D

Pois então... Para a felicidade de alguns - e tristeza de outros - eu postarei a história que tanto comentava com vocês... Sim, aquela do vampiro que se apaixona por uma mulher - bem clichê, não?

Mas não se preocupem. A história principal não é sobre um romance vampiresco rsrs... Tratarei de postar à vocês uma VERDADEIRA HISTÓRIA SOBRE VAMPIROS QUE NÃO BRILHAM NO SOL, NÃO SÃO METROSSEXUAIS E REJEITAM SUAS MULHERES COM MEDO DE MORDÊ-LAS!!!!!

Bom, posso garantir que a história não será copiada de Crepúsculo...

Como eu curto muito a série 'The Vampire Diaries' - que é simplesmente foda!! - vos lembrará um pouco dela. Mas digo novamente: Não se preocupem. Confiem em mim. Sei que acabarão gostando e lendo todas as tardes um novo capítulo desse romance que ainda não possui um fim...

Então, está marcado em - quer dizer, ainda não marquei a data de lançamento do primeiro capítulo, que será postado amanhã neste mesmo horário -. Pronto, falei rs...

Chamem seus amigos (as) e venham ler essa história fictícia no melhor estilo Vampiros Medievais - quer dizer, vampiros de verdade...


E NÃO SE ESQUEÇAM DO DIA 26 - sábado - O LANÇAMENTO DO MEU LIVROOOOOO...

Informações comigo :D

Até mais!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011



Peguem logo o convite de vocês e compareçam no dia 26 ao lançamento da antologia "Jogos Criminais 2" que conterá dois de meus famosos contos de terror!!


A entrada é gratuita!


Aguardo vocês!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Ceia de Natal - por Valdir Luciano


        

Os sinos em breve tocariam alegremente. A árvore de Natal, um pinheiro, tinha um tom verde reluzente; porém, ainda não estava decorada. Na TV, passava um desenho animado que também celebrava a data.
As luzes iluminavam a sala de estar, e a trilha sonora era alta o suficiente para cobrir certos sons. Certos e estranhos sons que vinham de um aposento não muito longe dali. Na verdade, há apenas alguns metros dali... Na cozinha.
Os gritos eram bloqueados pelo pano úmido de sangue, amarrado contra a boca daquela mulher. Ela estava em cima da mesa, presa por grossos cordões, seu corpo nu exposto. Os seios, o umbigo e a vagina estavam feridos e o couro cabeludo fora arrancado com brutalidade.
Simone, a vítima, arregalava os olhos e forçava a garganta para gritar com todas as suas forças. No entanto, o único som que saía era um gemido abafado e angustiante de uma mulher torturada sem piedade...
Sem motivos.
De repente, os pés de alguém surgiram caminhando em sua direção. Pertenciam a uma idosa. Ela segurava uma enorme faca de cozinha, vestia um avental branco que já não estava tão branco assim e possuía uma horrível aparência. O rosto era deformado, com sobrancelhas grossas, e assustadoramente enrugado, a dentição, podre e apenas os caninos estavam inteiros.
Simone remexeu-se de agonia, tentando escapar, gritar, dizer algo...
Xiiiiu... sussurrou a velha após colocar os dedos sobre os lábios. Está quase na hora, amor...
E estava mesmo. Eram exatas onze e 48 da noite. Os fogos iriam iluminar o horizonte, visto pelas janelas da pequena casa de tijolos, afastada da cidade. À sua frente, apenas uma estrada de terra. Ao lado, um veículo de cor rosa com os quatro pneus furados e a parte da frente destruída: o carro de Simone.
Na cozinha, a senhora juntou as cadeiras ao redor da extensa mesa de jantar. Em alguns segundos, duas crianças surgiram animadas uma menina e um menino , perguntando aos berros:
VAMOS COMER, MÃE? VAMOS COMER?
Claro, amores a idosa respondeu, enquanto afiava a faca. — Daqui a pouquinho. Vamos esperar o pai de vocês chegar, tudo bem?
As crianças assentiram.
Na TV, os sinos começaram a tocar.
O Natal estava prestes a ser celebrado.
Simone continuou se debatendo, mas todos os seus atos eram em vão. A idosa, encarando-a sorridente, arrancou o pano de sua boca. E, então, Simone gritou:
NÃAAAAAAAAAAAAAAAO!! NÃAAAAAAAAAAAAAO! POR FAVOR, POR FAVOR, POR FAVOOORR... DEUS... POR QUE ESTÁ FAZENDO ISSO COMIGO, SENHORA? POR QUÊ?! POR QUÊ?!
É Natal, meu anjo... ela respondeu. E, com a ponta da lâmina, tocou de leve o umbigo da vítima.
MÃE, MÃE, MÃE! EU QUERO A CABEÇA! o menino gritou.
Não, filho. A cabeça nós iremos pendurar na árvore depois...
Os olhos de Simone cintilaram e ela sentiu vertigem. Começou a vomitar.
De repente, a idosa ergueu a faca, mirou o espaço entre os seios da vítima e a golpeou. O sangue fluiu de imediato. Simone passou a tremer. Seus gritos tornaram-se mais altos. Pedia pela misericórdia de Deus, que aparentava não estar ali para salvá-la.
As crianças pulavam de alegria. Quando o sangue escorreu da mesa e atingiu o chão, elas avançaram para lambê-lo.
Não bebam tudo... disse a idosa, escolhendo um dos seios para vítima para apunhalar. Depois faremos um belo panetone com o que sobrar do sangue dela.
As crianças esfregavam-se no sangue e o lambiam como se ele fosse uma guloseima. Neste instante, um homem entrou no local. Trazia um grande saco preto, de plástico.
Após receber mais uma facada, Simone entrou em estado de choque e depois em convulsão. A baba escorria de sua boca e as lágrimas espalhavam-se por seu rosto.
Cheguei, amor disse o homem.
A seguir, ele colocou o saco no chão e o abriu. De seu interior, tirou pernas, braços, órgãos, cabeças... Com cuidado, deixou tudo sobre a mesa, ao lado do corpo quase sem vida de Simone.
A idosa largou a faca sobre a pia e, na sequência, retirou de um dos armários uma enorme e pesada marreta. Com ela, socou a cabeça de Simone. O impacto explodiu seus olhos e fez os ossos saltarem da pele e carne.
Depois levantou novamente a marreta... E bateu. Ergueu e bateu. Ergueu e bateu várias vezes... Até que o crânio da vítima se abriu e o cérebro, transformado numa gosma nojenta, desceu lentamente pelas laterais da cabeça.
O jantar está servido! — a idosa avisou. Foi aplaudida com euforia.
O relógio marcou meia-noite.
Distantes, os fogos de artifício subiram ao céu, os animadores da TV desejaram Feliz Natal, e aquela família rapidamente sentou-se ao redor da mesa farta. Cheia de sangue, tripas e gosmas irreconhecíveis ao ser humano.
Era um banquete.
O banquete do inferno.
Garfos e facas a postos. A idosa preferiu uma das coxas, o homem escolheu o seio que permanecera intocado e as crianças queriam tudo e mais um pouco. Logo havia carne fresca na boca, mastigada de modo faminto e apressado.
Mãe, me passa as tripas! exigiu o menino.

...

O dia amanheceu nublado, mas bonito. Na estrada de terra, uma caminhonete vinha em ritmo lento.
As árvores estavam à direita e à esquerda, numa atmosfera densa e verde. Ele avistou, adiante, uma pequena casa de tijolos, rodeada por cercas de madeira.
O automóvel parou de repente.
PORRA! gritou César, o motorista, irritado.
Ele saiu e observou os pneus: tinham sido perfurados por finos pregos deixados na estrada. Olhou para o céu e questionou-se do porquê de tudo aquilo estar acontecendo exatamente no dia de Natal.
O jeito era pedir ajuda. Em frente à casa de tijolos, ele bateu palmas.
Ninguém apareceu.
Bateu novamente e, em seguida, uma idosa abriu a porta.
Posso ajudar, moço?
Acho que pode. Os pneus do meu carro estão furados, me esqueci de recarregar a bateria do celular e preciso chamar o guincho. Vocês têm telefone?
O silêncio pairou sobre o lugar. A mulher mostrou-se pensativa. Ao seu lado, um homem surgiu e cochichou algo em seu ouvido. Na sala, duas crianças um menino e uma menina corriam em volta da grande árvore de Natal agora decorada. Braços e pernas estavam amarrados nos galhos, sangue coagulado fazia as vezes de neve, misturando-se ao verde do pinheiro, e várias cabeças estavam penduradas como se fossem bolinhas coloridas. Entre elas, estava a de Simone, cujos olhos mantinham-se abertos e vidrados.
Simpática, a idosa acenou para César.
Sim, pode entrar!
Ele foi convidado para o almoço... Só não sabia que seria a própria refeição.
Assim que entrou na casa, a porta se fechou atrás dele.
Feliz Natal.
FIM.

Escrito por Valdir Luciano, 2011

                 

terça-feira, 8 de novembro de 2011

E ai, como estão?
Desculpem estar falando nessa gíria de malandro - apesar de ser malandro -. Mas é que estou bem feliz mesmo, e me porto assim quando estou feliz.

Feliz? Mas por que feliz?

Por que? Querem mesmo saber?

Tá bom...

"MEU LIVRO VAI SER PUBLICADO, PORRA!!" :D


Isso mesmo, vocês não leram errado. Não me azucrinem porque não estou ficando louco. É a pura verdade:


A famosa e milagrosa editora Andross contribuiu muito para que meu sonho de criança fosse realizado: Eles leram, avaliaram e aprovaram os meus dois contos - O Zelador e O Açougueiro -, que serão publicados no dia 26 de novembro como conto dentro do segundo volume da antologia "Jogos Criminais".


Haverá um evento neste dia - que cairá num sábado -. O endereço é esse:


DATA: 26 de novembro de 2011, das 15h às 18h
LOCALChina Trade Center- Rua Pamplona, 518, São Paulo, SP (Próximo à estação Trianon Masp do metrô).

A entrada é gratuíta: Basta dizer que veio para assistir ao evento e diga meu nome - procure no blog rs -. Pronto: Você estará pronto para receber um autógrafo - não tão famoso - de um escritor amador que acaba de realizar um sonho: Ser reconhecido  
Nem tenho palavras para agradecer a todos vocês, leitores e escritores, que me incentivaram até este presente momento a continuar escrevendo. Pois, sem vocês, minha estima nunca seria alta e eu jamais conseguiria publicar um conto que vocês não avaliassem.


Vocês merecem esse prêmio e todas as reverências.

É claro que não poderei dar um livro grátis para cada um: R$ 19,90 será o custo da obra no dia do lançamento e R$ 39,90 será o preço oficial nas lojas e em minhas mãos.

Espero que todos possam comprar, ou comparecer ao evento.

Agora terei que dormir. Está tarde e amanhã eu trabalho. Quando voltar, postarei meu novo conto que marcará o retorno de Valdir Luciano ao Blog.

Valeu mesmo e boa noite. Durmam bem - e aos que forem ficar acordados de gandaia, vendo coisas indecentes... Boa sorte... E cuidado com vírus e hackers rs...

Abraço!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

VOLTEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEII :D

Finalmente, depois de tantos meses - pareceram anos -, eu apareci rsrs...
Motivos: Trabalho, trabalho e trabalho.
E ainda continuo trabalhando - muito, muito mesmo -. Porém, chego todas as noites em casa e fico navegando na internet. E como estava com bastante saudade de postar contos - e fofocas - neste canto, resolvi voltar...

Como vocês têm passado?
Espero que bem.
O fim do ano está próximo, e nada melhor do que contos que celebram esses momentos marcantes...
Contos de terror, claro rsrs...

A partir de amanhã, novos contos chegarão neste blog. Vamos dar uma upada nele, divulgá-lo para que todos reconheçam meu trabalho.

E mais: Tenho uma super novidade para contar a vocês. Mas só amanhã, em.

Então, boa noite e amanhã recomeçaremos nossas rotinas de blogueiros.
Obrigado e até mais!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Medo da Noite

Baseado em fatos reais.

Prólogo:

Noite.
O portal para a escuridão.
O momento exato onde nossos olhos se fecham e nossos medos acordam...


Capítulo 1 –

                -... E o príncipe salvou a princesa dos ladrões e eles viveram felizes para sempre – disse Marisa, finalizando aquela história que contara ao seu filho, Júnior –. E então, você gostou?
                - Não gostei, mãe! – exclamou o garoto, insatisfeito com o desfecho daquele conto – A história é chata e eu odeio finais com ‘felizes para sempre’. E não tinha nenhuma parte de terror. Nem deu medo!
                Sua mãe sorriu, fechando o pequeno livro infantil e cobrindo o menino com um lençol de algodão.
                - Você tem apenas oito anos e este livro é para a sua idade. Então, não reclame. Quando estiver mais velho poderá ler até os livros de Stephen King.
                - Quem é ele?
                - Não importa – disse ela, beijando-o na testa –, durma com os anjos e cuidado com o bicho papão.
                Júnior sorriu e disse confiante:
                - Bicho papão não existe, mãe!
                 - Bem, contanto que você não olhe embaixo da cama – brincou e, em seguida, apagou as luzes e fechou a porta.
                Por um breve momento, Júnior sentiu certo frio no estômago, pois não gostava de dormir com a luz apagada – mesmo que nunca tenha admitido à Marisa. O escuro lhe dava a estranha impressão de que o quarto ficava maior e sem saída, e ele jamais se moveria naquela escuridão.
                Eu não posso ter mais medo do escuro. Eu já sou grande, pensou ele, encorajando-se a dormir tranquilamente. Tudo o que tinha que fazer era ligar a televisão de seu quarto, colocar no canal infantil e assistir até cair no sono. E foi o que ele fez.
                Não demorou muito e o controle remoto escapou de suas mãos:
                Ele já estava dormindo.


Capítulo 2:

                Seus escuros e grandes olhos se abriram de repente: Ele ouviu algo. Não sabia o que era, mas algum barulho o despertara daquele sonho com o Naruto.
                Júnior não estava ouvindo absolutamente nada. O silêncio era tamanho que chegava a incomodar os ouvidos. Seus olhos buscavam atentamente o teto branco, procurando por qualquer som que ecoasse sobre aquele quarto.
                Alguns sons podiam ser ouvidos sobre aquela cama: O som das ruas.
                O barulho do motor do ônibus, rugindo, os passos de salto alto de mulheres que voltavam dos mais variados tipos de trabalho; de bêbados cantarolando desafinadamente pelas calçadas até serem barrados pela polícia, ou apedrejado pelos vizinhos sonolentos.
                De certa forma, tudo aquilo confortava Júnior. Eram típicos barulhos da noite que ele estranharia se não os ouvisse.
                Ela olhou para a televisão: A programação estava fora do ar, emitindo aquele irritante barulho de chiado. O garoto procurou o controle remoto em seu colo, em sua cama, embaixo dos lençóis: Não os encontrou.
                Naquele instante, o sono já se afastara de sua mente e os seguintes acontecimentos o deixou intrigado: O miar sofrido dos gatos – que cambaleavam sobre os muros residenciais; o forte latido dos cães que, de vez em quando, avistavam pessoas passando pelas ruas, gatos, ou até mesmo seres invisíveis aos olhos humanos – dizem que animais possuem sexto sentido...
                O barulho da TV o irritava cada vez mais. Porém, levantar-se da cama e caminhar até o aparelho era um caminho muito, muito longo para Júnior. Ainda mais se sabendo o que poderia surgir no trajeto, pois o escuro é uma caixinha – negra – de surpresas.
                Um estranho vulto chamou a atenção em seus olhos, mas eles não queriam encontrá-lo e encaravam a televisão, mesmo sabendo que ‘a coisa’ estava se movimentando na janela.
                O coração pulsou mais rápido e Júnior voltou às pressas para debaixo das cobertas, enrolando-se até a cabeça, respirando com dificuldade. O silêncio do quarto proporcionava-lhe a experiência de ouvir os batimentos de seu coração. Seus olhos, por mais que tentassem, não queriam se fechar, pois Júnior sabia que a qualquer momento a ‘coisa’ poderia atacá-lo, e ele estaria pronto para se defender, atento, observando quase perfeitamente através da transparência do lençol fino.
                O chiado da TV continuava, mas o garoto acatou-o e o transformou em uma companhia sonora. Pelo menos ele não iria se sentir tão sozinho.
                De repente, o barulho parou. O silêncio desceu novamente àquele quarto, apenas deixando o soprar do vento cantarolar aos assobios pelo lugar.
                Júnior assustou-se. Quem desligou a TV? , questionou, enquanto respirava com a boca, pois as narinas já não eram os suficientes para arfar todo o ar requerido pelos pulmões, pois o seu coração estava drasticamente acelerado.
                O menino só conseguia imaginar o vulto pairando na janela, o espreitando para logo após levá-lo a Deus sabe onde.
                O vento dobrou sua força e um som de panos se rebatendo podiam ser ouvidos. Talvez a ‘coisa’ estava trajada a uma capa grande e negra que o cobriria, fazendo-o desaparecer para sempre. A imaginação de Júnior não tinha limites, nem o seu medo.
                Eu sou homem, pensou, papai disse que homens não podem ter medo de nada.
                Encorajado pelos conselhos de seu pai, ele se desenrolou numa questão de segundos e, rapidamente, olhou de frente para a janela. Não houve tempo de gritar, de xingar o monstro... Porque não havia absolutamente nada de sobrenatural ali – a não ser a velha cortina branca com bolinhas azuis que Marisa colocara há dois dias, mesmo sabendo que Júnior odiava branco.
                Ele, por sua vez, pudera respirar com calma. Voltou a deitar-se aliviado e refletiu que o monstro era a cortina, que se movimentava por causa do vento. Ele olhou para o canto esquerdo de sua cama e avistou o controle remoto no chão, com um boneco do Naruto pressionando o botão ‘desliga’ do objeto: Mais um alívio. Ninguém – nem fantasmas, nem um ladrão - havia desligado a TV, nem ela desligara sozinha. Talvez o vento da janela tivesse empurrado o boneco da garota ao lado da cama, fazendo-o cair exatamente em cima do botão de desligar do controle remoto. As coisas pareciam estar se encaixando e, de tanto refletir sobre aqueles cômicos acontecimentos, Júnior voltou a cair no sono. Parecia que as sessões de mistérios da noite finalmente haviam acabado.
                Ele dormiu.


Capítulo 3:

                Júnior acordou novamente, independente de sua vontade. Abriu os olhos e sua aparência era um tanto estressada. Não era para menos, já era a segunda vez que despertava do sonho com o Naruto, e isso o já estava irritando.
                Porém, ele não acordara por barulho algum, ou por medo, mas, sim, por necessidade: Estava com vontade de fazer xixi. E mesmo que não quisesse levantar-se da cama, não havia alternativa: Ele teria que ir ao banheiro.
                Àquela hora da madrugada já não se ouviam mais barulhos – nem mesmo os das ruas. Parecia que os cachorros finalmente se cansaram de latir, os gatos de miar e todas as pessoas estavam realmente dormindo. Isso tudo era bom para o garoto. Porém, agora ele não tinha mais companhias – nem sonoras, nem humanas...
                Júnior fechou os olhos e tentou pensar em algo para sonhar, mas apenas conseguia imaginar as palmadas que levaria de sua mãe se acordasse de manhã com o colchão molhado de urina. O aperto na bexiga aumentava e ele não teve escolha:
                Júnior levantou-se da cama.
                A princípio, ele correria em direção ao banheiro, mas à noite o caminho parecia ainda mais longo, e ele temia deparar-se com algo inesperado.
                Seus olhos reviravam o quarto: Cada objeto parecia ser um monstro naquele escuro. As cortinas flutuavam através do vento, os bonecos nas prateleiras criavam enormes sombras nas paredes – que pareciam se mexer – por causa da luminosidade das ruas. E a porta...
                A porta. Inimiga número ‘UM’ do garoto. Era o seu grande medo, pois não se sabia o que poderia haver por trás. Alguém poderia estar espreitando-o, esperando o momento certo para levá-lo Deus sabe onde.
                Àquela altura, era difícil sentir tanto medo quando o maior temor de Júnior era molhar o pijama branco com bolinhas azuis.
                Rapidamente, ele correu a pés descalços em direção a porta.
                Sua mão tocou levemente à fechadura e seus dedos giraram o trinco: A porta destrancou-se e, ao mesmo tempo, os bonecos da prateleira caíram ao chão numa reação em cadeia.
                Os olhos de Júnior sobressaltaram. O terror tocou em sua mente, abrindo a mais medonha imaginação que ele podia ter.
                Quem derrubara os bonecos? Uma força física? Ou invisível?
                As questões tomavam sua consciência, enquanto seus olhos se fecharam e proibiram-no de avistar qualquer fenômeno daquele quarto.
                De repente, o som de panos se rebatendo novamente. Júnior tinha certeza de que era a cortina e quando seus olhos abriram curiosos, observaram a mesma flutuando alto, tão alto que tocava as prateleiras, tentando arrastar tudo o que houvesse de solto pro ali. Por certo, já havia arrastado.
                Júnior olhou para os bonecos ao chão e, logo em seguida, às prateleiras: O alívio. Não fora nada demais, apenas um ato do vento e a força física. E mesmo que ele não soubesse nada de física, sabia que não haveria de se preocupar. Contudo, fora apenas o vento.
                Ele arfou. Estava mais calmo, e isso o encorajou a puxar a porta rapidamente, sem frescuras.
                Ao abri-la, deparou-se com um mar de escuridão infinito: Um vago e extenso corredor enfeitado de quadros nas paredes. Quadros de pintores. Pintores falecidos...
                O frio no estômago retornou com sobrecarga e Júnior engoliu em seco, enquanto decidia: Se arriscar e caminhar naquela passagem negra e medonha, ou voltar para a cama e urinar no colchão?
                As palmadas da mamãe doíam mais do que seu medo do escuro: Ele resolveu continuar.
                Com olhos arregalados e atentos, Júnior começou a caminhar pelo corredor, deixando a porta de seu quarto aberto – no caso do ‘monstro’ aparecer e ele precisar voltar correndo -. Os quadros nas paredes eram  assustadores à noite. Os rostos desfigurados pelos artistas deixavam a imagem com uma expressão de horror, maldade...
                Júnior odiava aquelas pinturas. Principalmente, a da Mona Lisa – que parecia sorrir demoniacamente para ele, aparentando seguir seus movimentos com os olhos, distorcendo-se no quadro. O garoto fazia questão de nem sequer observá-la.
                No lugar, havia duas portas: Uma ao lado esquerdo e outra no lado direito – que era o quarto de seus pais.
                Os passos dele eram lentos. Ele não queria correr e acordar, não somente os pais, mas os outros seres que poderiam estar escondidos entre aquela casa.
                O silêncio era profundo e não se ouvia nada. Ao passar pela porta de seus pais, ele sentiu-se seguro mas, ao girar sua cabeça para o lado esquerdo, deixou de respirar por alguns segundos, fazendo o suor escorrer de sua testa: Aquele era o quarto de hóspedes, vazio, quieto – quieto demais. Júnior tinha uma intuição de que alguém habitava aquele quarto. Alguém que ele não conhecia, e que não queria conhecer.
                A velocidade dos passos aumentou.
                O corredor parecia não ter fim. A visibilidade era pouca e a iluminação do lugar só poderia ser ligada através do quarto de seus pais. A respiração era forçada e o cabelo liso do garoto já estava molhado de tanta transpiração.
                Pouco a pouco, Júnior podia avistar a enorme porta do banheiro que estava quase alerta, dando-lhe a impressão de que já havia alguém lá.
                Desconfiado, ele entrou ao local escuro, batendo nas paredes para encontrar o plugin que ligava a luz. Para seu desespero, ele não encontrou, o que do deixou ainda mais amedrontado.
                A urina já estava pingando em seu shorts e Júnior não teve outra escolha a não ser urinar no escuro.
                Mesmo não enxergando nada, ele sabia que o vaso sanitário estava um pouco mais à frente. Deu alguns curtos passos a frente e abaixou a calça moletom de seu pijama: O líquido começou a sair e, logo, ouvia-se um som semelhante as águas corredeiras de um rio, ou uma torneira enchendo um balde vazio. Júnior estava sentindo o alívio percorrer o seu corpo e sair pelo órgão pequeno. Por alguns segundos, perdeu o medo e ansiedade. Fazer xixi estava sendo muito confortante para ele.
                Porém, de repente, o terror voltou em maior quantidade, fazendo seu coração saltar garganta afora: Júnior pressentiu uma silhueta humana passar rapidamente sobre os corredores... Uma silhueta branca, sem definições faciais e corporais... Como um pano coberto a um alguém...      
                Os olhos escuros cintilaram. A paralisação dos movimentos foi certa. A respiração foi bastante forçada e o medo de virar-se foi ainda mais torturante.
                Mas ele se virou. Encorajou-se e se virou.
                Não havia nada.
                Não havia ninguém.
                Medo. Ansiedade. Horror. Náuseas. Vertigem... Os sintomas tomavam o corpo daquela criança inocente e indefesa. Ele finalmente fizera suas necessidades. Percorrera todo aquele caminho para conseguir seus objetivos. Agora, o maior problema:
                Era voltar.
                A cabeça surgiu lentamente à espreita da porta do banheiro, observando o extenso, vazio e escuro corredor dominado por quadros.
                Andar.
                Correr.
                Apenas correr.
                Tudo o que ele tinha que fazer era apenas correr por todo aquele caminho reto, fechar a porta de seu quarto, pular na cama e cobrir-se. E tudo ficaria bem.
                Mas era algo muito difícil. Difícil, complicado e assustador.
                O coração pulsava fortemente, os olhos de Júnior analisavam cada centímetro do lugar, com receio de deparar-se com algo que não desejaria encontrar.
                De repente, o som tocou seus ouvidos.
                Um baixo som, ruído... Chiado.
                Um chiado de TV.
                De novo, pensou Júnior, olhando diretamente para o quarto. Mas o barulho não vinha do quarto, mas, sim, da sala...
                O garoto girou a cabeça para o outro lado do corredor, avistando a entrada da sala de estar, onde se podia avistar um pequeno brilho...
                Ele queria voltar. Queria voltar o mais rápido possível para o quarto. Mas a curiosidade o estava tomando cada vez mais. A curiosidade e o medo. O medo do que poderia ser. De quem poderia ser...
                Os passos foram lentos, calmos, em direção a sala...
                O barulho aumentava conforme ele se aproximava.
                A escuridão ainda era tamanha. O silêncio estava sendo quebrado.
                Sombras surgiam nas paredes da sala. Sombras de objetos...
                Por fim, Júnior chegou ao lugar desejado: Uma grande sala de estar, com um grande rack – estante – onde estavam guardados inúmeros DVDs, alguns brinquedos de enfeite e, no topo...
                A televisão... Ligada misteriosamente na estática, emitindo o assustador chiado... Iluminando aquele pacato lugar...
                Agora Júnior respirava pela boca. O medo estava verdadeiramente tocando seus calcanhares.
                Quem ligou a TV?
                Os passos aproximaram-no ainda mais do aparelho ligado. Aquela imagem sem cor, estática, era tão medonha quanto um filme de terror. O receio de que a qualquer momento alguém, algo, surgiria na tela o deixava amedrontado. O suor estava escorrendo de sua testa.
                O braço esquerdo esticou-se em direção a TV. Os dedos procuravam o botão ‘desliga’ do aparelho, mas não os encontrava. O corpo do garoto tremia como se o tempo estivesse frio e seco. E estava. O ar quente saia de sua boca e narinas.
                Por fim, ele encontrou o botão e o pressionou devagar.
                Antes que o aparelho desligasse, o alto e berrante som da jornalista surgiu e a imagem colorida estampou a TV repentinamente:
                - UMA MULHER FOI BRUTALMENTE ASSASSINADA NESTA MADRUGADA, NA CIDADE DE SÃO PAULO. SEU CORPO FOI ENCONTRADO HÁ POUCO TOTALMENTE ESQUARTEJADO. OS POLICIAIS ENCONTRARAM, NO LOCAL, UMA GRANDE FACA DE AÇOUGUEIRO E UMA CORDA  QUE, SUPOSTAMENTE, FORA USADA PARA ESTRANGULAR A VÍTIMA. O ASSASSINO AINDA ESTÁ FORAGIDO...
                As mãos elevaram rapidamente aos ouvidos, tampando-os. Júnior tentou evitar de ouvir aquela terrível e assustadora reportagem do jornal da madrugada. Eles mostravam o corpo da vítima, tampado apenas com um pequeno desfoque de edição. Mas aquilo era muito para um garoto de oito anos. Ele não podia suportar.
                Seus olhos estavam fechados e seus dedos fechavam fortemente os ouvidos, para que nada daquela reportagem entrasse em sua mente. Mas era tarde demais.
                Agora, ele não podia mais desligar aquele aparelho. O medo de ouvir mais reportagens sobre mortes o deixava totalmente com receio, virando-se de costas para a TV, deparando-se com o sofá, onde podia-se avistar  o controle remoto jogado na almofada. Não só o controle, como também um celular.
                O celular de seu pai que, há poucas horas atrás, estava assistindo o noticiário noturno, ficou com sono e fora dormir – esquecendo-se de desligar o aparelho.
                Júnior era muito novo para pensar naquela hipótese. Não queria retirar as mãos das orelhas. Então, a única coisa que pôde fazer foi correr. Correr. Correr bastante.
                Correr em direção ao extenso corredor que o levaria para seu seguro e calmo quarto.
                Porém, ao entrar naquele vazio corredor, deparou-se com algo que o fez querer urinar novamente... De medo:
                A porta de seu quarto estava fechada...
                Quem a fechou? Quem está lá? , seus pensamentos perguntavam. Seu corpo enchia-se de ar pelo arfar de ansiedade. Suas mãos esfregavam os braços, tentando aquecer-se daquele estranho frio da madrugada. O som do tele-jornal ainda podia ser ouvido, mas já não o assustava. O problema naquele momento era a questão que o estava assolando:
                Quem estava no quarto?
                Seus olhos encaravam friamente os quadros nas paredes. Ele não conseguiria caminhar pelo lugar se pensasse naqueles malditos objetos pendurados, com formas abstratas que o encaravam monstruosamente.
                Júnior respirou fundo, fixou seus olhares à porta e começou a cantarolar num sussurro:
                -... O céu... Resplandece ao meu redooor...
                Os passos começaram lentos. As mãos foram elevadas ao canto dos olhos, para que ele não enxergasse as laterais do corredor, que parecia não ter fim...
                -... Como as estrelas brilham entre as... Nuvens sem fim...
                Os pés eram colocados um à frente do outro em um ritmo devagar e angustiante. O coração pulsava tão forte que era possível ouvi-lo. O calor corporal o fazia suar drasticamente. A escuridão parecia dobrar-se de tanta densidade. Pouco a pouco, os efeitos sonoros da TV começavam a se dissipar, e o silêncio pairava sobre o estreito lugar.
                -... Só a verdade vai cruzar... Pelo céu azul...
                Júnior passou pela porta de seus pais, mas não olhou. Do outro lado, os quadros... Alguns estavam tortos, outros bem pregados...
                - E a verdade vai crescer dentro... De mim...
                De repente, um dos quadros tortos caiu diretamente ao chão, emitindo um incômodo barulho e estalo: Era o quadro de Mona Lisa.
                Júnior abriu a boca, assustando-se com um olhar de horror. O ar quente fluía de dentro e seu peito enchia e esvaziava-se de oxigênio. Porém, ele não se atreveu a olhar para trás: Continuou a percorrer o curto-longo caminho em direção a maléfica porta de seu quarto.
                E continuou a cantar:
                - Como um vulcão... Que entra e-em... Erupção...
                Os passos aumentaram de velocidade. A estranha sensação de que alguém espreitava por trás o deixava em transe.
                - Só a lava a espalhar... Meio a toda fúria...
                Por fim, suas mãos tocaram a fechadura...
                -... Do dragão.
                ... E abriu a porta.
                Não havia nada.
                O vento soprava forte e empurrava as cortinas que dançavam quarto adentro. Os vários brinquedos das prateleiras estavam caídos ao chão.
                O vento estava forte. Forte demais... A ponto de empurrar a porta em direção ao trinco.
                A respiração profunda de Júnior demonstrou a calma que tomou seu coração. Deu um meio sorriso. Porém, de repente, sentiu uma estranha sensação de desconforto que vinha por trás de si.
                Virou-se e avistou as várias sombras de luz que a TV criava, fazendo o corredor piscar e mover-se numa estranha ilusão de óptica.
                O medo voltou. O vento soprou em seus lisos cabelos. Um estranho som, de passos, parecia aproximar-se do corredor, vindo em direção aquele quarto.
                Júnior fechou a porta com toda a força, trancando-a e rapidamente correndo em direção a cama. Saltou, remexeu-se, pegou os lençóis e acobertou-se desesperadamente até a cabeça.
                Seus olhos fecharam. As pequenas palavras pareciam querer sair de sua boca – aparentavam ser uma reza -. Ele queria dormir. Queria dormir o mais rápido possível, mas não conseguia domar seus pensamentos, que criavam imagens ilusórias de estranhos vultos no corredor, vozes no quarto e quadros que criavam vida.
                Os receios, as ansiedades, os medos... Júnior já não estava agüentando mais toda aquela noite que parecia não ter fim.
                De repente, do lado de fora da residência – aparentemente nas ruas – um alto, berrante e desesperante som ecoou, entrando pela janela:
                - SOCORRRO!!!! AAAAAARGH!!! SOCORRO! Me ajudaaaaaaa!!!!!! AAAAAARGHHHHH!!!
                E então, Júnior explodiu-se em medo e choque. Levantou-se desesperadamente e correu em direção à porta do quarto de seus pais. Bateu, bateu, bateu forte, muito forte. Chutou...
                E sua mãe abriu. A aparência de sono estava exposta em seu rosto. O pijama rosa cobria seu corpo e os cabelos escuros estavam bagunçados.
                - O que foi, filho? – Marisa perguntou, um tanto estressada por ter de acordar àquela hora da madrugada.
                Olhando da direita à esquerda em movimentos repetitivos, Júnior disse aos anseios:
                - POSSO DORMIR COM VOCÊS, HOJE?!
                Em meio a estresses e sono, Marisa se deu conta de que seu filho tinha apenas oito anos, que ainda teria muitos medos, pesadelos, anseios... E que ainda dormiria algumas vezes com ela por alguns anos a mais. Achou completamente normal. Sorriu, acariciou-o na cabeça e disse:
                - Claro.
                E então, o colocou dentro de seu quarto e fechou a porta.
                E então, todo aquele alvoroço da madrugada pareceu se dissipar definitivamente. Porque talvez não houvesse alvoroço... Porque talvez fosse tudo imaginação de uma criança, que tem seus medos, dúvidas, anseios...  Mas que aprenderia, com o passar dos anos, a enfrentá-los da maneira certa.
                A imaginação do ser humano não possui limites...




Epílogo:
                Vinte e três anos depois.
                As batidas à porta eram fortes e assustadoras. Àquela hora da madrugada, era complicado e misterioso saber quem poderia ser.
                Marisa abriu a porta da residência e deparou-se com um homem, vestido a um pijama azul com bolinhas azuis, segurando um travesseiro. Estava com olheiras e sua aparência era um tanto sonolenta e assustada.
                - Posso dormir com vocês, hoje? - perguntou Júnior.


Fim.
Escrito por Valdir Luciano, 2011.